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Advogado Rodrigo da Cunha Pereira aborda violência doméstica em entrevista ao jornal Estado de Minas

Ascom

Saiu ontem, 11 de novembro de 2018, matéria no caderno Bem Viver do jornal Estado de Minas sobre feminicídio e violência doméstica.  O advogado Rodrigo da Cunha Pereira, especialista em Direito de Família e Sucessões pontua que a felicidade dos filhos está diretamente relacionada à medida do amor que recebem de seus pais, ou de quem os cria, e a violência é o oposto disso. “Filhos de pais separados, por exemplo, não são infelizes por isso. Filhos infelizes são aqueles cujos pais são violentos, brigam na frente deles. A violência doméstica deixa marcas profundas na psique da criança, causando traumas de toda ordem que, muitas vezes, vão aparecer só muito mais tarde”, afirma. “Além disso, os pais não podem usar os filhos como arma ou moeda de troca no fim da relação. Eles devem ser poupados, a qualquer custo, das desavenças entre o casal”, salienta.

Talvez, a mesma mágica que faz um relacionamento começar é o que o faz acabar, compara Rodrigo. Para ele, os motivos da atração são da ordem do desejo, muitas vezes inconsciente, e, em alguns casos, o fim do relacionamento não é o fim do desejo, mas uma necessidade. “Por exemplo, quando há violência doméstica repetitiva, a única saída é a separação, ainda que a vontade seja ficarem juntos. Há barreiras entre o casal que são transponíveis, outras não. A violência, para muitos, é intransponível. Não há uma fórmula para saber se o companheiro (a) será violento. Todos, homens e mulheres, temos um potencial de agressividade, às vezes até saudável. Mas ultrapassar o limite e colocar em prática essa agressividade com atos de violência é inadmissível. Quando se chega à violência extrema, os traumas são inimagináveis, até indeléveis – aparecerão, principalmente, nas futuras relações afetivas dos filhos, que, por vezes, tendem a repetir o que assistiram em casa”, ressalta Rodrigo.

estado de minas

Confira, na íntegra, a entrevista concedida pelo especialista em Direito de Família e Sucessões ao Estado de Minas:

Como o comportamento dos pais, enquanto casal, pode influenciar na vida dos filhos quando a relação é de violência? Ou: qual o impacto que a violência entre os pais pode ter na vida dos filhos, quando crianças, adolescentes e adultos?

A felicidade dos filhos está diretamente relacionada à medida do amor que receberem de seus pais, ou de quem os cria. E a violência é o oposto disto. Filhos de pais separados, por exemplo, não são infelizes por isto. Filhos infelizes são aqueles cujos pais são violentos, brigam na frente deles. A violência doméstica deixa marcas profundas  na psiqué dos filhos, causando traumas, de toda ordem, que muitas vezes vão aparecer só muito mais tarde.

Qual cuidado pai e mãe devem ter na forma como se relacionam para não perpetuar a violência pelos filhos?
Evitarem qualquer tipo de violência ou briga na frente dos filhos, ou em ambiente que eles de alguma forma escutem ou assistam. Além disto, não usarem os filhos como arma, ou moeda de troca do fim da conjugalidade. Os filhos devem ser poupados, a qualquer custo das desavenças dos pais.

O que as mulheres devem observar na hora de escolher os seus parceiros? Quais são os sinais iniciais que ela pode perceber quando as coisas começam a ficar ruins? Qual postura deve adotar?

Talvez a mesma mágica que faz um relacionamento começar, é o que o faz acabar. Os motivos das atrações são da ordem do Desejo, que é muitas vezes inconsciente. Às vezes o fim do relacionamento nem é da ordem do Desejo, mas da necessidade. Por exemplo, quando há uma violência doméstica repetitiva, a única saida para a saúde é a separação, ainda que o desejo seja o de ficar juntos. Há barreiras entre o casal que são transponíveis, outras não. A violência, para muitos casais, por mais difícil que seja, é intransponível. Não há um fórmula mágica para saber se o marido/companheiro será violento algum dia. Todos, homens e mulheres, temos um potencial de agressividade em nós, às vezes até saudável. Mas ultrapassar o limite e colocar em prática nossa agressividade com atos de violência é inadimíssível.

Como e quando o casal deve buscar ajuda?

Quando se percebe a violência, ou o seu potencial, é preciso olhar para ela, enxergá-la como um possibilidade e refletir sobre ela, para que seja evitada. Se não é possível fazer isto sozinho, procurar ajuda de profissionais. Às vezes é preciso buscar ajuda pedindo proteção da lei Maria da Penha. Aí é que entra a função do Direito: colocar
limites externos, em quem não tem internamente.

Em relação ao feminicídio, qual o impacto que crimes têm no restante da família, principalmente entre os filhos? Que tipos de traumas e comportamentos futuros podem refletir?

Quando se chega a violência extrema, os traumas são inimagináveis. As vezes indeléveis.Eles aparecerão, principalmente, nas futturas relações afetivas dos filhos. Às vezes os filhos tendem a repetir a violência que assistiram em casa.

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